A leitura
teve e tem um capítulo particular em minha vida.
Fui alfabetizada pela cartilha Caminho Suave. Somos em 4 irmãs e fui a terceira
a usar a mesma cartilha literalmente. E minha mãe que nunca foi a escola
fazia-nos ler várias vezes cada lição até sabermos decor o pequeno texto. E
sempre nos dizia que o maior legado que um pai deixa a seus filhos é o
conhecimento e que não deseja que tivéssemos as mesmas dificuldades que ela,
por não saber ler. Fui aluna da escola que hoje trabalho. Em seu ano de
inauguração (1968) estava eu lá na segunda série, sentindo uma emoção imensa,
juntamente com minhas duas irmãs mais velhas. E em sete de setembro daquele
ano, declamei uma poesia nas comemorações da independência. Como me senti
importante e poder ver o prazer de minha mãe na platéia me aplaudindo. O
primeiro livro que chegou as minhas mãos foi um presente do professor de minha
irmã mais velha que neste mesmo ano terminou a 4ª série. Não me lembro o
título, mas a autora era a Condessa de Segur e fiquei maravilhada em poder ler
realmente um livro, um conto de fadas.
Depois da
primeira experiência de declamar, eu estava em todas as outras com o meu poema
decorado para apresentar. E foi uma grata surpresa que o mesmo professor da
minha irmã (profor Bruno Miguel Capuano) era o meu professor na 4ª
série e daí eu ganhei o meu livro, por estar entre os três melhores alunos da sala, e era uma coletânea de poetas brasileiros.
A partir
daí minha vida deu um nó. Fiz o curso de admissão para entrar para a 5ª série
que iniciei na escola da Vila Pestana, mas pelo revés da vida mudamos para o
interior de SP, e foi lá, em Valentim Gentil que me apaixonei pela leitura e
mais uma vez pelas mãos de meu professor de Língua Portuguesa (Félix de Lima),
que nos incentivava ler e escrever sempre, pois ajudaria até mesmo em nosso dia
a dia. E eu lia inúmeras vezes para minha mãe, que acabou aprendendo algumas
coisas devido ao incentivo que nos dava. E meu ápice foi quando esse professor,
na 7ª série, deu-me um monólogo para decorar e apresentar em um sarau educativo, que foi
realizado no clube da cidade, que era uma carta de amor, e eu tinha que sofrer
para interpretar o texto. Fui aplaudida de pé pela platéia (claro que eram todos amigos da escola e seus familiares) e eu me senti
importante. Ali eu pensei comigo mesma, vou ser professora e ter sempre uma
platéia para me ouvir e quem sabe ser importante na vida de alguém assim como
meus professores foram fundamentais para me transformar na pessoa que sou hoje.
E pode ter certeza, até hoje me lembro da maioria dos textos que decorei em
minha
época de escola.
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